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Pai de garoto autista, funcionário BB se reinventa e conta sua história

Há 13 anos, quando João Gabriel nasceu, Sergio Ricardo Menezes da Rocha, carinhosamente chamado de Serginho pelos colegas, ainda não era conhecido por ser pai de um garotinho autista e ativista da causa.

Naquela época, inclusive, ele não sabia nada sobre o autismo. A única vez em que se recorda de ter tido algum contato com o assunto foi no filme Rain Man, estrelado pelo ator norte-americano Dustin Hoffman - ainda assim, muito diferente da realidade que conhece hoje.

O gerente de soluções da área de inteligência de mercado da Diretoria Estratégia e Organização (DIREO), em Brasília (DF), é pai de três filhos: Matheus, de 26 anos, Giovanni, de 21 e João Gabriel, de 13 anos.

Até completar um ano e oito meses, seu filho caçula se desenvolveu como qualquer criança desta idade: andou normalmente, era bastante comunicativo e até chegou a falar. No entanto, o fato de parar de atender ao ser chamado pelo nome acendeu um alerta na família e começou a peregrinação dos pais em busca de médicos, exames, estudos científicos, no Brasil e até fora dele, que trouxesse qualquer tipo de resposta para o que estava acontecendo.

Ao longo do caminho, enquanto o diagnóstico não chegava, os movimentos estereotipados do garoto aumentavam e a angústia da família também. Foi por volta dos três anos de João Gabriel que os pais tiveram a confirmação de que ele era uma pessoa com autismo.

Desde então, Serginho precisou, em um primeiro momento de aceitação, e posteriormente de reinvenção de diversas maneiras. Disposto a fazer o mundo compreender seu filho e tantas outras pessoas como ele, o bancário se entregou à causa e luta diariamente para a divulgação do autismo. Uma destas ações, juntamente com outros funcionários BB, foi levar o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado no dia 2 de abril, para dentro da pauta do banco, além de outros assuntos relacionados a inclusão e a igualdade de direitos.

Atualmente, mais uma vez, a família de Serginho precisou se reinventar. Por conta da pandemia mundial do novo coronavírus, João Gabriel foi privado de muitas coisas e teve grandes perdas. Sua rotina foi drasticamente alterada. Antes do isolamento social, em busca de socialização, ele estudava em uma escola pública pela manhã e em uma particular no período da tarde, além de fazer diversas terapias como fonoaudiologia, musicoterapia e equoterapia.

Apesar das tentativas da família de amenizar os danos, como longas caminhadas diárias em locais isolados, João Gabriel está mais nervoso e agressivo, voltou a fazer necessidades fisiológicas na roupa, se recusa a usar máscara e não é capaz de acompanhar vídeoaulas. 
Entre tantas lutas diárias para garantir qualidade de vida a João Gabriel, Serginho hoje se preocupa com o futuro, mas não deixa de ter esperança e de lutar para que coisas boas aconteçam.

"Apesar de estar mais amadurecido hoje, vivo uma fase que culmina com meu próprio envelhecimento e a dificuldade de acalmar meu coração na dúvida do que será dele sem a nossa presença. Quando nasce uma criança, nasce um pai e nasce uma mãe. Mas quando nasce uma criança com deficiência, nasce toda uma rede de cuidados. Tenho que me preparar para essa transição e torná-lo cada vez mais independente", emociona-se Serginho.

Mesmo com todos os obstáculos que o autismo impõe, a família, sob o lema #LugardeAutistaEEmTodoLugar,  não deixou de interagir com o mundo: viagens nacional e internacional,  noite do pijama,  atividades religiosas e escoteiras fazem parte do leque de oportunidades que proporcionam para que ele e a sociedade se conheçam  e se ajudem.

Apabb
Serginho é delegado suplente do Núcleo Regional DF da Apabb (Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade).

A instituição sem fins lucrativos, que é fruto da união do funcionalismo BB, acolhe pessoas de todas as deficiências em 14 estados do Brasil há mais de três décadas.

"Apabb trabalha algo que é muito rico: esporte e lazer para pessoas com deficiência, o que geralmente é retirado delas, como se elas não pudessem acessar a nada. Fora isso, há a rede de proteção a partir das ações para pessoas em situação de risco e famílias em vulnerabilidade social. É lindo ver voluntários do banco -aposentados e da ativa- atuando nos Núcleos Regionais. A Apabb preenche um espaço onde geralmente o Estado não chega e tira as pessoas com deficiência da invisibilidade".

Conheça os projetos inclusivos da associação e torne-se um apoiador.

 


Data de publicação: 07/08/2020

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