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Apabb SP e SESC SP realizam Webnar

A Apabb São Paulo realizou na quarta-feira, 23/09, às 17h, um Webnar sobre Lazer e Cultura, que se propôs a refletir sobre a seguinte pergunta: como anda o acesso aos conteúdos culturais pelas pessoas com deficiência em meio a pandemia? 

A roda de conversa, conduzida por Laura Juliana, então responsável técnica pelo programa de lazer da Apabb Núcleo Regional São Paulo, teve como convidadas Silvia Mayeda Dangelo (SESC SP) e Mona Rikumbi (atriz, dançarina, poetisa e ativista), que levaram reflexões importantes de como se dá esse acesso nos meios digitais pelas pessoas com deficiência e suas famílias, a partir de suas vivências.

Silvia falou sobre os desafios que o SESC, assim como a Apabb e tantas outras instituições estão passando para conseguir repensar toda uma programação para o ambiente virtual, a partir do olhar da profissional, que estuda e atua no atendimento da pessoa com deficiência no campo sociocultural.

Já Mona, enquanto mulher, negra, artista, usuária de cadeira de rodas, mãe e ativista, falou sobre sua vivência empírica de consumidora de conteúdos culturais, mas especialmente enquanto produtora desse conteúdo sociocultural e artístico, além de citar os desafios enfrentados para continuar atuando e resistindo a crise provocada pela covid-19.

A Apabb São Paulo agradece a parceria com o SESC São Paulo pelo apoio na discussão, e com a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, na representação do Secretário Cid Torquato, pela contribuição na fala e na cessão dos intérpretes em LIBRAS.

O Webnar aconteceu em sessão fechada para convidados pré-inscritos e está disponível no canal do Youtube da Apabb. Clique aqui para assistir.

Pequeno artigo sobre a temática:

Desde o inicio da pandemia da covid-19, diversas foram as discussões levantadas a respeito das crises decorrentes.

Crise na saúde, crise na economia, crise na educação, e com o tempo vimos que uma das principais crises a serem enfrentadas era a crise do isolamento. 

No entanto, todas essas crises apenas jogaram luz a uma crise humanitária latente: a das desigualdades sociais.

O Brasil possui uma enorme desigualdade social que deve ser analisada a partir de diferentes aspectos para que se possam entender os fatores de desigualdade, que perpassa questões principalmente relacionadas a gênero, cor, raça, sexualidade e deficiência. 

Esses fatores somados a questão de idade, local de residência e escolaridade podem ser decisivos para demarcar o lugar do isolamento e descaso. 

Nesse sentido, em uma situação de crise, percebe-se que o acesso a direitos sociais básicos, como saúde, trabalho descente, educação de qualidade, saneamento básico e moradia tornam-se ainda mais limitados, colocando pessoas em situação de pobreza e pobreza extrema. 

Nesse cenário caótico, como falar de acesso ao lazer, à cultura, ao esporte e ao turismo? Utopia? Sejamos utópicos então.

Com a questão do isolamento social, a percepção da população como um todo é que as atividades socioculturais no geral são essenciais para manter a saúde física e mental das pessoas, entretanto existe uma grande parcela da população que já possuía um acesso limitado a essas atividades, o que se agravou com a crise deflagrada. 

Uma dessas parcelas da população em questão trata-se das pessoas com deficiência.

Muitas pessoas com deficiência já possuíam dificuldade de acesso às tecnologias e tiveram que se adaptar a nova realidade, entretanto há uma limitação de programação sociocultural que conta com recursos de acessibilidade, como tradução em libras, audiodescrição, legendas, convites virtuais com descrição em texto e não apenas em imagem, linguagem simplificada, entre outros que facilitariam o acesso de pessoas com diferentes deficiências. 

Promover esse debate e reflexão é um desafio, mas o principal desafio mesmo é implementar a cultura do acessível nas atividades socioculturais, que repense as ações e posturas para abraçar todos os públicos. 

Algumas instituições, movimentos sociais e departamentos de governo têm se debruçado nesse debate, mas ainda há muito para avançar. Mas não percamos a energia e sejamos utópicos, no sentido de vislumbrar as possibilidades e agir para alcançar a utopia.

*Autora: Laura Juliana de Melo Silva – Mestranda em Mudança Social de Participação Política pela USP geriu durante seis anos e meio o programa de lazer da Apabb SP.

Data de publicação: 19/11/2020

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