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Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência dá visibilidade para histórias de luta e inclusão

Lecir Andréia Martins, de 44 anos, é mineira, mãe, funcionária do Banco do Brasil há 18 anos, delegada da Apabb e paraplégica. Nenhuma destas características resumem a sua personalidade, mas é a deficiência que faz com que a sua história seja contada nesta data: 21 de setembro – Dia Nacional das Pessoas com Deficiência.

Nascida em Belo Horizonte, Lecir tem deficiência desde um ano e nove meses de idade após ter sequelas de poliomielite, causada em função de uma vacina para meningite. Ela faz parte dos quase 24% de brasileiros (45 milhões de pessoas) que possuem algum tipo de deficiência, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Deste total, apenas 403.255 estão no mundo do trabalho, o que corresponde a menos de 1% desta população no ano de 2017.

Com o apoio da família, Lecir estudou, fez magistério, se capacitou e fugiu destas estatísticas. Prestou o concurso do Banco do Brasil em 1998 e ficou classificada em quarto lugar na microrregião de Minas Gerais. Lecir tomou posse em 2.000 como escriturária, em uma agência na cidade de Sete Lagoas, quando pouco se falava sobre acessibilidade e inclusão.

“Quando eles me viram a ficha caiu e foram atrás do que era preciso para me adaptar. Foi feito um laudo ergonômico para identificar quais seriam as mudanças necessárias como banheiros, rampa de acesso, entre outras coisas”.

Apesar das dificuldades arquitetônicas, Lecir foi muito bem recebida pelos colegas no banco e viu sua vida mudar. “Aprendi muito por lá. Todos foram receptivos. Quando quebrava o elevador eles até me carregavam, subiam as escadas comigo no colo”. Neste período, Lecir aproveitou a oportunidade que encontrou no BB e fez graduação em Administração de Empresas.

Hoje, Lecir trabalha no centro de Belo Horizonte, como assistente operacional no CENOP BH e, apesar de estar longe do ideal, consegue enxergar as mudanças positivas em relação às pessoas com deficiência. 

“A partir do momento que eu tenho acessibilidade, as pessoas não lembram que eu tenho deficiência. Posso competir no mesmo nível, de igual para igual. Dentro do banco, a exigência de produtividade é exatamente a mesma entre todos os funcionários, isso eu acho muito bom. Chegou um momento em que as agências começaram a se adaptar antes da pessoa com deficiência chegar, sem ter que ter um funcionário com deficiência lá dentro. Hoje eu posso concorrer para trabalhar em outras agências normalmente, antigamente isso não era possível. Há mais colegas com deficiência e não tenho dificuldades de circular de um andar para o outro”, explica.

Mãe de um filho de 22 anos, Lecir aprendeu a andar na rua sem medo e ir com a sua cadeira para todos os lugares. “Faço tudo, dirijo, ando de avião, ocupo o espaço público. Recentemente viajei com meu namorado, que é tetraplégico e eu paraplégica, e no final, tudo deu certo. Fomos muito amparados pela companhia aérea. O maior problema é sempre a acessibilidade, mas acredito que a gente tem que ir aos lugares para poder mudar essa realidade”.

Lecir foi à luta em busca do respeito às diferenças e a igualdade de direitos. Em 2010 ela conheceu a Apabb (Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade), instituição sem fins lucrativos, fundada por funcionários do Banco do Brasil, que apoia pessoas com deficiência e suas famílias. Desde então, Lecir atua voluntariamente e é uma das representantes da unidade local da associação, que está presente em 14 estados do Brasil.

Apabb
“A Apabb tem um papel fundamental. Ela é uma referência de informação e amparo para às famílias e às pessoas com deficiência. A instituição mostra que existem recursos e que é preciso conhecer os direitos. Esse é um dos grandes motivos de trabalhar pela associação. Acredito que o funcionário BB deve se aproximar de algo que é seu, a Apabb”. 

Através da associação, Lecir conheceu o Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, onde faz parte há mais de cinco anos e entendeu a importância das políticas públicas e da atuação das organizações do terceiro setor nestes locais.

“Participar do Conselho me abriu um leque de conhecimento. Você passa a acompanhar e a cobrar o que seu estado e o seu município fazem pelas pessoas com deficiência, qual é o seu direito e o que pode ser feito. Além de ser um espaço para fazer denúncias. Quando tem uma Conferência da Pessoa com Deficiência você pode ter voz. O Conselho fez com que eu me interesse por assuntos que eu não conhecia e é só na troca que a gente aprende”.

21 de Setembro 

O Dia Nacional da Pessoa com Deficiência foi fruto da luta de movimentos sociais e oficializado em 2005. A data foi escolhida para coincidir com o Dia da Árvore, representando o nascimento das reivindicações de cidadania e participação em igualdade de condições. Ter um dia no calendário nacional para falar sobre a causa mostra a importância do assunto.

“Para mim é um momento para luta, reflexão, defesa de direitos e oportunidade de fazer com que as pessoas despertem. Muita coisa já mudou. O acesso a cadeira de rodas, por exemplo, agora é muito mais fácil. A minha primeira cadeira de rodas foi uma doação, aos 10 anos, até essa idade eu andava em um carrinho de bebê. A primeira motorizada, consegui graças ao apoio da GEPES BH. Hoje é possível conseguir pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acredito que ainda falta informação e conhecimento. É disso que precisamos tratar neste dia”, explica Lecir.

Novidade

Para marcar a data, a Apabb e o Grupo BB Azul, formado por funcionários BB, mães e pais de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), lançam nesta sexta-feira (21) um novo ponto de encontro para colegas com deficiência e pais de PcD: o grupo "PcD no BB", no Facebook. Atendendo a pedidos, a ideia do espaço é promover a troca de informações e o compartilhamento de experiências. Através do grupo, será possível conhecer os benefícios oferecidos pelo BB, pela Cassi e pela Previ, saber como utilizá-los, além de discutir inclusão e acessibilidade.

Clique aqui e assista ao vídeo feito em comemoração à data.

Serviço
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faleconosco@apabb.org.br

 


Data de publicação: 20/09/2018

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